quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O Achamento do Brasil



O ACHAMENTO DO BRASIL

tanta água e tanto mar!
Tantas mágoas pra contar!

POEMA

“Faz muito tempo, muito tempo mesmo, quase século, que não leio um livro de poesias tão empolgante, tão forte, como “ O Achamento do Brasil”.
“ Talvez esse “ O Achamento do Brasil” tenha sido um dos melhores livros publicados em Língua Portuguesa nos últimos anos, onde Vasco dos Santos não cansa de falar da nova terra e de raça que Portugal plasmou, como poderemos ver nos versos seguintes: “Eu vi corações de índios e lusos/argamassarem-se na argamassa/que deu a massa/e pariu a raça/dos caboclos e dos mestiços e dos cafuzos”
“O Achamento do Brasil” é leitura obrigatória na casa de cada brasileiro. Isso devido à qualidade dos seus versos de profunda inspiração, onde se sente palpitar, a toda a hora, a origem e a raiz desta nova raça que despontou no Brasil”
“Vasco dos Santos é poeta de estilo personalíssimo....”
“...ou, ainda, nestes outros verso antológicos, onde o trovador assim se expressou:
”Ó almas de sonhadores aventureiros/sulcando o mar misterioso e profundo/rasgando o oceano, estremecendo o mundo/sob o brilho intenso da lua” Aristides Theodoro

“Foi longa a jornada até aqui,
Como longe foi o mar-
-caminho de longada-
Sempre a navegar.

Tanta água e tanto mar!
Tanta mágoa pra contar!

Tantas lágrimas que salgaram o mar salgado
E não puderam embarcar no cais da partida
E lá ficaram para sempre, pra toda a vida.

Em cada nau ou caravela
Vai um mastro, frme e arrogante,
Apontando num rumo certo
-o mesmo sonho do Infante..
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Tanto mar
E tanta pressa
De chegar
Antes que aconteça
A alma desanimar
E a vontade esmoreça
Sem vontade de caminhar.

Ó almas de sonhadores aventureiros,
Sulcando o mar misterioso e profundo,
Rasgando o oceano, estremecendo o mundo,
Sob o brilho intenso da lua,
Sob o luzir do sol e das estrelas
Alcandoradas no firmamento,
Que mais esperais delas
Que o clarear da rota,
A iluminação da rua
No caminho certo do descobrimento,
Aqui tão perto, à nossa porta!

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Ó sonho louco e vão
Da vã e louca aventura!

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Tantos dias, tanto mar,
Tantas alegrias pra contar,
Tantas agonias pra lastimar.

Ó águas salgadas do mar,
Ó almas cheias de mágoas,
Ó águas cheias do mar,
Ó ondas do mar salgado,
Aonde me pretendeis levar?

Ó águas do mar sem fonte,
Ó fonte das águas do mar,
Cai a tarde no horizonte,
Vêm as saudades no luar.
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Tanto mar e tantas águas
Ó mar das águas salgadas,
Ó mar de todas as mágoas,
Ó todas as mágoas do mar.

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Ó âncoras dos marinheiros,
Ó ninfas do mar profundo,
Ó intrépidos aventureiros,
Descobridores do novo mundo!”

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“Noutro local, adormecido
Num túmulo de pedras e mármore engastado,
O rei e senhor dom João segundo
Foi subitamente acordado
Para que tomasse conhecimento
De todo o acontecido.

Saiu do túmulo alvoroçado
E acorreu ao promontório de Sagres
Para confirmar o sonho de milagres
Ecoando à porta do seu túmulo
Donde o chamaram em gritos de alvoroço.

Quedou-se a acompanhar
A azáfama dos homens do mar,
A ver e observar o rumo
Das naus e das caravelas de panos redondos
A navegar,
Com as velas pandas,
A prumo,
À luz do sol e do luar, de velas enfunadas.....

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Pode voltar à sepultura,
Rei dom João segundo,
Pode continuar sonhando,
Sonhador Infante de Sagres,
Do famoso promontório,
Chegamos à terra da ventura,
Alcançamos a terra dos milagres,
E conseguiremos o céu
Sem passar pelo purgatório.

E as flores dos verdes pinhais
Plantados nos areais
Pelo rei-poeta-s0haverão de sonhar muito mais,
Porque dos seus troncos brotou o lenho,
Que agora singra o mar aberto
Com tanto amor e tão grande empenho!

Continua repousando,
Rei dom João segundo!
Continua sonhando
Infante sonhador
Nas rochas do promontório
Fustigado pelo mar oceano,
Bafejado pela brisa suave......

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Tudo são sonhos do rei-poeta
Tudo são sonhos do rei-profeta,
Tudo são sonhos o Infante,
O mais sonhador da história
Que, do promontório de Sagres,
Fez um mirante
Imortalizando o sonho e a esperança
E a memória!
Avante! “

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“...E nas páginas
Do livro dos assentos,
Dos registros dos nascidos e batizados,
Dos vivos continuando a luta
E dos mortos no descanso derradeiro,
Folheei folha a folha do livro das escrituras
Deste registro do encontro e da posse da terra
Som o testemunho das potestades do mar
E dos céus onde a Eternidade habita,
Todos, por igual, espantados por tamanho acontecimento,
E, ali, apareceu o nome de todas as gerações,
Das passadas e das presentes e das futuras,
Tudo lá encontrei discriminado e vi
Que todos os que ao livro de assentos tiveram acesso
Puderam confirmar tudo isso,
Conferir a ata solene do descobrimento

Conforme se lê e reza nos registro da escritura.....

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E vi os índios conversos e convertidos
À volta da igreja dos missionários
Aprendendo as primeiras letras,
A aceitar a doutrina e os costumes,
A ouvir atentos as novas da Boa Nova,
A enlearem-se aos brancos e eles
Aos brancos se enlearem.

E vi corações índios e lusos
Argamassarem-se na argamassa
Que deu a massa
E pariu a raça
Dos caboclos e dos mestiços e dos cafuzos.

E vi todo o mundo atônito por isso
Porque o mundo só agora
Se dá conta de tudo isso.

Conforme se lê e reza nos registros da escritura.....”

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