quarta-feira, 11 de julho de 2007

NÃO HÁ RASTROS SEM PEGADAS

No fulgor das almas
O calor dos corpos
É acha latejante
Dum sol mortiço
De inverno,
Fagulha crepitante
A atear o lume
A acrisolar o derriço
A guardar o queixume,
A silhueta e o feitiço
Dum amor eterno.

Nas desertas praias
De areias calmas,
A salsugem da maresia
Alimenta o viço das samambais
Que a beleza da tua face escondia.

Assinaladas
Nas areias mansas,
As pegadas
Deixadas
Retêm sonhos de lembranças
De angústias passadas.

Tantos sonhos
E esperanças
De pesadelos medonhos
Enleados nos meus braços
num mar de brumas e sargaços.

Só tu não o sentias
Porque lá não estavas
E não te vias
Sob o fragor das ondas bravas
No melancólico gorjeio das cotovias.

E até as gaivotas,
Indiscretas,
Marotas,
Deixaram
As janelas abertas
E seguiram suas rotas.
.................................

Não há rastros
Sem pegadas
Nem perfumes
sem alabastros.


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