A Esperança a que me agarro
O que não presta
Joga-se à rua,
Ao lixo se lança
No cesto
Ou na calçada
Sem qualquer laivo de esperança.
É tudo resto,
Não vale mais nada.
Velho e roto,
Não merece o azedume
Dum azedo arroto
Ou o ai dum queixume.
A vida de morto
É morta
E, até, o direito se entorta
Adentrando o limiar da porta.
É difícil julgar coisas mortas
Nos dias do desacerto
Que não suportas
Emaranhado na miragem
Do deserto.
Vou procurar coisas vivas
No esvoaçar rendilhado das gaivotas
Que me deixam cativas
Nas marés mansas a que aportas.
Encontrar-me-ei
A mim mesmo
Nos versos deste poema
Que formulei
A esmo
Na resolução do teorema
Em que tropico,
Bato e caio
E desmaio
E me complico.
.......
Em cada coisa em que esbarro
Procuro a esperança a que me agarro.
In “ Poemas dum Diário Inacabado”
Dia 4- livro l- 1989
Vasco dos Santos
sábado, 2 de junho de 2007
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Um comentário:
Obrigado pelo DVD que acabo de receber e de copiar (sabe-se lá para quem!) aqui no computador do meu neto.
Segue carta breve.
Um abraço amigo do
Manuel G. Roldão
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