quinta-feira, 21 de junho de 2007

CAMÕES - soneto




Em sepultura rasa à terra desce,
Envolto num lençol de linho esgarço,
Num cortejo dolente, a passo a passo,
O corpo do poeta que apodrece.

Do Tejo, mais abaixo, evola a prece
Que as carpideiras musas, num abraço,
Vieram estampar no rosto baço
Em lágrimas que a Pátria não merece.

Se o remorso de ver partir o Vate
O perdão conceder aos lusitanos,
A salsugem do mar dos oceanos

Será o sal eterno que se esbate
Sobre o peito daqueles mais humanos
Que levaram a morte e os desenganos.


S.Paulo, junho de 2007-06-20 Vasco dos Santos

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